Projeto Orientação Sexual


PROFESSOR DESAFIA TABUS E IMPLEMENTA PROPOSTA DE TRABALHO SOBRE
ORIENTAÇÃO SEXUAL NA ESCOLA MUNICIPAL DE BARRO ALTO
Outubro de 2010
Professor Gessivaldo de Souza Santana ( Pós graduando em Biologia e Química).
Tratar da sexualidade no espaço escolar, discutir a relação que há entre sexualidade e educação não é algo inerente exclusivamente à família.
Construção da árvore

Essa é uma questão polêmica que provoca alguns questionamentos quando se discute a temática da Orientação Sexual nas instituições escolares. Questionamentos, que muitas vezes são utilizados até mesmo por educadores, como artifícios e desculpas para a não abordagem do tema em sala de aula, silenciando-o. Sempre desenvolvi propostas de trabalho ousada nessa linha sendo elogiado por alguns pais e por alguns educadores, porém, algumas propostas passaram a ser motivo de crítica sem muita perspectiva de construção. Foi através da convivência com uma sociedade despreparada para discutir as questões da sexualidade e de estudos dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), que pude perceber e aprofundar melhor no que se diz respeito ao tema e sobre a responsabilidade da escola de se engajar no processo de desenvolvimento da sexualidade dos adolescentes juntamente com outras instâncias da sociedade; visto que a escola nem sempre se envolve com o tema na intensidade necessária, e, muitas vezes, quando o faz, é de modo reducionista, atendo-se às questões biológicas da reprodução venho desenvolvendo esse projeto desde agosto de 2007 no sentido de esclarecer a importância da Orientação Sexual na escola e apontar a relação existente entre sexualidade e educação.

Se a lei que rege a educação escolar brasileira tem por finalidade o desenvolvimento integral do educando, a escola, para assegurar o alcance desse objetivo, há de educar sexualmente as crianças. A sexualidade humana é parte integral do desenvolvimento e da personalidade. É uma necessidade básica do ser humano que não pode ser separada de sua vida, nem mesmo dos outros aspectos que o integram. Envolve sentimentos, pensamentos e ações. Portanto, não só no mundo adulto, como também no infantil, o tema sexualidade tem singular importância no desenvolvimento pleno do indivíduo. Se a escola, ao educar, não educa nem capacita a criança a lidar com sua própria sexualidade, não está educando-a integralmente.

Montagem da árvore
Faz-se necessário que a escola, como instituição educacional, se posicione clara e conscientemente sobre referências e limites com os quais irá trabalhar as expressões de sexualidade dos alunos. Sendo pertinente ao espaço da escola o esclarecimento de dúvidas e curiosidades sobre a sexualidade, é importante que a mesma contribua para que a criança ou adolescente discrimine as manifestações que fazem parte da sua intimidade e privacidade das expressões que são acessíveis ao convívio social.

A Orientação Sexual nas séries iniciais do Ensino Fundamental pode contribuir na prevenção de problemas graves, como o abuso sexual, uma possível gravidez indesejada na adolescência ou a aquisição de doenças sexualmente transmissíveis. Quando a pessoa aprende a lidar com a sexualidade de maneira saudável e natural, desde a infância, quando adolescente, terá condições de tomar atitudes pautadas na reflexão consciente. Para a prevenção do abuso sexual é importante o esclarecimento de que brincadeiras em grupo que remetem à sexualidade são prejudiciais quando envolvem crianças/jovens de idades diferentes ou quando são realizadas entre adultos e crianças.
Falar de sexualidade é tarefa desafiadora e complicada quando o educador não tem afinidade pelo tema ou quando o projeto político pedagógico (se já foi criado na escola) não oferece subsídios como liberdade de expressão, jornadas pedagógicas e oficinas nesta linha preparando o educador para que possa ajudar e orientar sexualmente os alunos. Os educadores que são portadores de atitudes e preconceitos, que tenha conhecimentos insuficientes e fragmentados e não dominam as técnicas e capacidades pedagógicas para o trabalho neste domínio, possam se sentir habilitados a enfrentar com êxito o desafio de educar para uma sexualidade sã, feliz e responsável.

Certamente não são poucos os educadores que, em algumas ocasiões, sentiram nervosismo e constrangimento ao surgir, dentro ou fora da sala de aula, o tema da sexualidade, desviando as perguntas que provocam bloqueios emocionais e para as quais não têm respostas objetivas e oportunas. Uma palavra, um gesto, um silêncio, um comentário ou uma conversa repercutem de forma incontestável na psique das crianças e dos adolescentes.
No contexto educacional, sabe-se a dificuldade da escola e dos profissionais da educação em abordar o tema Orientação Sexual. Ambos são desprovidos de preparação e capacitação para o realizarem eficazmente. Não possuem auxílio de políticas governamentais, as quais pouco têm feito, relativo à capacitação do corpo docente. Os educadores possuem dificuldades, enquanto os alunos, curiosidades e dúvidas.

Os professores atuais, em sua grande maioria, são frutos de uma geração onde a sexualidade não era abordada no espaço escolar. Reprimida e repudiada pelos valores morais, culturais e religiosos como sendo algo pecaminoso e subversivo, as manifestações da sexualidade na escola eram motivos de escândalo. Muitos desses professores não receberam uma devida orientação ou mesmo informação sexual adequada. Ao longo da construção de suas identidades sexuais, foram aglomerando consigo mitos, tabus e valores constituídos e reforçados pela sociedade. Assim, incluir em sua prática educacional a Orientação Sexual é um desafio. Sentem-se despreparados e desencorajados para lidar com o tema.

Outra situação que dificulta aos professores a inserção da Orientação Sexual na escola de ensino fundamental é a desaprovação e resistência familiar. Ainda hoje, existem famílias que acreditam que o trabalho da sexualidade com crianças e adolescentes é desnecessário, podendo o mesmo causar uma incitação precoce ao sexo.Tabus, preconceitos e valores estão fortemente presentes no cotidiano familiar, tornando-o conservador e não permitindo discussões a respeito do assunto.

O professor deve estar atento às diferentes formas de expressão dos alunos. Muitas vezes a repetição de brincadeiras, apelidos ou paródias de músicas alusivas à sexualidade pode significar uma necessidade não verbalizada de discussão e de compreensão de algum tema. Deve-se então atender a esse pedido. Faz-se necessário que o professor tenha jogo de cintura para lidar com estas formas de expressão e supostas provocações das crianças e dos adolescentes, aproveitando a oportunidade e dando início a uma conversa sobre sexualidade. Não deve levar comentários dos alunos para o lado pessoal, nem se sentir agredido por eles. As crianças e muitos adolescentes não agem assim para agredir. Na verdade, elas apenas manifestam seu desejo de saber mais sobre o tema ou conhecer a posição do adulto.

A sexualidade é inerente a qualquer criança ou adolescente e sua demonstração será particular a cada uma, sendo que aos educadores cabe conhecê-la, respeitá-la, conduzi-la de forma adequada, sem estimulação nem repressão e tendo sempre em mente uma auto-reflexão de sua própria sexualidade.



Os resultados do Projeto de Pesquisa sobre Orientação Sexual na Escola Municipal de Barro Alto.
Urna Zipada

Painel Informativo

Através de uma pesquisa realizada com alunos do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental - faixa etária de 10 e 17 anos, da Escola Municipal de Barro Alto, pôde-se verificar quais são os principais questionamentos, dúvidas e curiosidades das crianças e adolescentes no tocante à sexualidade, nessa faixa etária. Os alunos redigiram perguntas que gostariam de obter respostas e depositaram-nas em uma urna lacrada com cadeado, dispensando-se identificação sendo necessário apenas a série e turma. Em apenas 20 dias foram realizadas 520 perguntas, o que constata que os adolescentes desejam ter suas dúvidas sanadas. Percebe-se a conseqüência da repressão sexual no comportamento infantil e na adolescência. Alguns alunos fizeram não apenas uma pergunta, mas várias. A satisfação dessas curiosidades contribui para que o desejo de saber seja impulsionado ao longo da vida, enquanto a não satisfação gera ansiedade e tensão.
Os questionamentos foram classificados por série. Como o projeto faz parte dos conteúdos programados para o 8º ano, as perguntas foram lidas e questionadas em mesa redonda nas referidas séries onde o professor pode orientar e reforçar os conhecimentos prévios dos alunos, preparando grupos para um segundo momento de esclarecimento por série tendo como interventor o próprio professor mentor do projeto.
Respostas aos Questionamentos dos Alunos


Através dessa pesquisa, constata-se que as dúvidas e curiosidades dos adolescentes perpassam por todas as áreas da sexualidade humana. Observa-se que a maioria das perguntas dos adolescentes de 10 a 12 anos refere-se às menstruações, beijo e ficar. ao passo que os adolescentes entre 13 e 17 anos geralmente têm dúvidas sobre os sistemas reprodutores, os métodos contraceptivos, a relação sexual, DST, camisinha, menopausa, TPM, etc. Na grande maioria das perguntas os órgãos genitais, tanto femininos como masculinos, foram denominados por apelidos, percebendo-se que há desinformação sobre a nomenclatura correta.
Momento de Leitura

Sabe-se que a visão e posição tomadas a respeito da sexualidade são ocasionadas pela educação que é ministrada à criança e aos adolescentes. Ela vê o adulto como modelo ideal de comportamento sexual e deseja a aprovação do mesmo. Se for passado a ela o conceito de que a sexualidade é algo natural a todo ser humano, o aluno irá sentir-se seguro para expressar sua curiosidade e posicionar-se positivamente frente a essa questão. Se for expresso a ela, através da fala ou atitudes que a sexualidade é algo perverso, não digna de aprovação, discussão dessa natureza será frustrante, porém digna de novos modelos de educação.
Professor Santana (e-mail) polianage@yahoo.com.br

1 comentários:

Unknown disse...

Muito bom!
Parabéns a todos que fizeram acontecer. Esse é em assunto realmente difícil de explicar, perguntar então... excelente ideia, vou copiar a ideia posso?

Postar um comentário

 
Escola Municipal de Barro Alto | by Dark.tmx ©2011
Facebook Twitter Orkut My Space Digg yahoo Mais...